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Dina Duarte

“Para nós tradicional não significa antigo e desatualizado”, Dina Duarte

Por: Denisse Sousa

Fundada em 1963 por Carlos e Ludovina Duarte, a Montiqueijo tem vindo a conquistar o seu lugar no setor. Mais recentemente investiu numa mudança de imagem, sem perder a tradição passada de geração em geração, mas apostando cada vez mais na inovação dos produtos.

Dina Duarte é a mais nova dos quatro filhos e atual diretora geral da Montiqueijo. Cresceu na Montiqueijo e desempenhou funções na produção e distribuição de queijos. Com um conhecimento aprofundado da industria, há cerca de 20 anos que é a responsável máxima pela gestão da empresa.

Em entrevista à PME Magazine, explica as novas mudanças para a marca, o caminho percorrido até aqui e o que lhes espera o futuro.

 

PME Mag: Como nasceu o projeto ‘Montiqueijo’?

Dina Duarte:  A família Duarte iniciou a sua atividade com uma pequena queijaria em Lousã, para vender queijo fresco em Lisboa e rapidamente conseguiu impor-se, sendo atualmente umas das principais marcas portuguesas produtoras de queijo fresco, requeijão e queijo curado de vaca.

Reconhecida pela qualidade dos seus produtos, a Montiqueijo orgulha-se de ser a única marca em Portugal que produz os seus queijos desde a origem. Dada a dimensão que o negócio estava a ter, em 1999 a Montiqueijo sentiu necessidade de comprar uma herdade em Canha e criar uma empresa exclusivamente dedicada à produção própria de leite – a AgroLeite.

Neste local a Montiqueijo instalou uma vacaria para mais de um milhar de animais, onde tem os mais sofisticados equipamentos técnicos que permitem controlar todo o processo de produção do leite. O controlo de qualidade começa desde o cereal que alimenta a vaca até à recolha do leite e posterior tratamento para se tornar a matéria-prima principal dos queijos.

No coração da região saloia, a empresa também modernizou as suas instalações e assume-se como a empresa com a fábrica mais bem preparada do setor em termos tecnológicos, com capacidade de produção de 40.000 litros por dia. Apesar da cada vez maior a aposta na inovação dos equipamentos, a Montiqueijo mantém a tradição como o grande alicerce do seu sucesso, passando-a de geração para geração.

PMEMag: Quantos colaboradores/empregados e fábricas compõem atualmente empresa?

D.D: Atualmente a Montiqueijo tem 61 colaboradores efetivos.

PMEMag: Afirmam-se como inovadores. O quê que diferencia a ‘Montiqueijo’ dos outros queijos presentes no mercado?

D.D: A Montiqueijo tem sido pioneira em algumas inovações, quer em termos de produtos, quer em termos de processos.  Temos uma enorme preocupação ambiental e fomos pioneiros na instalação de um sistema fotovoltaico, que atualmente nos permite produzir, em média, 30% de queijos utilizando apenas energia solar.

Fomos igualmente pioneiros a retirar o cincho dos produtos, garantindo maior qualidade aos queijos frescos e reduzindo a utilização do plástico em mais de 50 toneladas anuais. O ano passado lançámos o queijo fresco em barra, um formato e uma solução única no mercado.

A par de todas as inovações que temos feito, e que prometemos continuar a desenvolver, a nossa principal diferenciação passa por sermos a única empresa no mercado com fileira completa e que controla os seus produtos desde a origem.

PMEMag: São parceiros do projeto ‘empresas mais saudáveis’ qual o balanço que fazem desta parceria?

D.D: A ação ainda está a decorrer, mas o balanço já é positivo. Estamos a conseguir chegar às empresas que participam no programa e a sensibilizar os colaboradores para a importância de uma alimentação saudável.

A Maria Gama, nutricionista que colabora com a Montiqueijo, tem dado imensas dicas para que pouco e pouco os hábitos se tornem mais saudáveis, mesmo com uma vida muito agitada. O feedback das empresas tem sido muito positivo.

 PMEMag: A Montiqueijo refere-se aos seus produtos como sendo de qualidade. Quais as certificações associadas e o que é feito para assegurar a qualidade?

D.D: O primeiro e grande passo que damos para assegurar a qualidade dos nossos produtos é termos a fileira completa, ou seja, controlamos o cereal que é dado aos animais, analisamos ao pormenor o leite que é dado pelas nossas vacas e asseguramos todo o processo de produção. É uma estrutura “pesada” mas da qual não abdicamos, uma vez que desta forma garantimos a máxima qualidade dos nossos produtos.

Relativamente às certificações, em 2009 a ISO 22000, e em 2016 a FSSC 22000 (Food Safety System Certification). Ainda em 2016, o nosso queijo fresco tradicional foi avaliado pelo exigente júri do Superior Taste Award, e chefs reconhecidos a nível mundial, que atribuíram ao produto duas (em três) estrelas douradas, o que equivale a uma avaliação de Excelente.

 PMEMag: Como é o cliente Montiqueijo? Como gerem a relação com os clientes?

D.D: O cliente Montiqueijo é um cliente exigente, informado e preocupado com a qualidade e origem dos produtos que consome. É para este cliente que trabalhamos diariamente, na certeza que vamos conseguir responder às expectativas.

Tentamos estar muito próximos dos nossos consumidores quer no ponto de venda, com a realização de algumas ações, quer nas redes sociais, quer nas nossas instalações. Procuramos sempre dar resposta a todas as questões que nos chegam, através das diversas vias criadas para o efeito, e convidamos sempre a visitarem a nossa fábrica.

PMEMag: Mudaram recentemente a vossa imagem. A que deve a mudança?

D.D: Sentimos a necessidade de modernizar a nossa imagem. Deve ser um “bichinho” que está no nosso ADN. De igual forma achámos que era altura de atualizar e inovar, mesmo que estejamos a falar de um negócio tão tradicional. Para nós tradicional não significa antigo e desatualizado.

O processo de rebranding tem sido gradual: começámos pelo logotipo e aos poucos estamos a modernizar toda a nossa rotulagem. Mais recentemente mudámos a imagem do nosso site. A nossa principal preocupação foi garantir uma imagem tradicional, mas elegante e moderna ao mesmo tempo. Penso que conseguimos.

PMEMag: Falam em expansão além-fronteiras, a Montiqueijo já chega a que mercados? Caso não, quais os mercados que estão nos vossos objetivos?

D.D: A Montiqueijo já chega além-fronteiras, sim. Os nossos principais mercados são os chamados mercado da saudade. A nossa aposta principal é a Europa, onde já trabalhamos com distribuidores em Inglaterra, França, Bélgica. Pontualmente trabalhamos para a Polónia. Temos igualmente alguns contactos no mercado asiático, um mercado que tem que ser trabalhado de forma diferente do Europeu.

PMEMag: Qual o balanço de atividades do ano passado e objetivos para 2017?

D.D:  2016 foi um ano que nos correu particularmente bem e onde registámos um crescimento acima dos 20%. Foi um ano de conquista de novos mercados e de aposta num produto totalmente diferente do que existia no mercado. Fizemos um grande investimento, quer em termos de tempo quer em termos de recursos, mas que valeu muito a pena.

Para 2017 vamos manter a nossa linha de trabalho e vamos fazer tudo para continuar a crescer a dois dígitos.