Home / Empresas / “As empresas têm de conseguir angariar meios para atingir o objetivo desejado” – Rogério Carapuça
Rogério Carapuça, atual presidente da APDC, em entrevista à PME Magazine

“As empresas têm de conseguir angariar meios para atingir o objetivo desejado” – Rogério Carapuça

Em entrevista à PME Magazine, Rogério Carapuça, presidente da APDC – Associação Portuguesa para o Desenvolvimento das Comunicações, falou sobre as dores de crescimento das empresas, da evolução tecnologia nas empresas e ainda de que forma o coaching pode ser visto como método de apoio no que toca à cultura organizacional, à gestão de pessoas, à gestão dos seus próprios comportamentos.

Rogério Carapuça é um dos convidados para a 2ª edição dos  BEFA – Business Excellence Fórum & Awards, sob o tema “Dores de crescimento nas PME. Como passar do micro para pequeno e do pequeno para médio”.

 

PME Magazine: Quais são as maiores dores de crescimento das PME?

RC: O desafio central de uma empresa é a diferenciação da sua oferta perante os potenciais clientes. É necessário ter uma oferta diferenciada relativamente aos seus concorrentes, pensada para resolver um problema específico dos clientes potenciais, numa área com valor significativo para eles. Este é no fundo o tema central à volta da criação e desenvolvimento de uma empresa.

Em segundo lugar a empresa deve manter o seu foco na promoção dessa oferta sem dispersar meios noutros objectivos diferentes mas que não contribuem para essa diferenciação. Esta pode ser uma “dor” com a qual é difícil de lidar, pois nos primeiros tempos, todos os negócios parecem ser necessários para sustentar a empresa.

Em terceiro lugar as empresas têm de conseguir angariar meios para por em prática uma estratégia para atingir o objectivo desejado. Encontram os meios necessários, financeiros, humanos, etc é normalmente uma outra “dor” com que se tem de lidar.

Temos assim diferenciação da oferta, a manutenção do foco, a obtenção e a gestão dos  meios;

PME Mag: Qual é a chave para um crescimento sustentado de uma empresa, em vez de caótico?

RC: Adequar os ritmos de crescimentos que conseguimos obter aos meios existentes quer humanos quer materiais. É necessário manter motivada e estimulada adequadamente a equipa. Escolher para cada missão a pessoa certa e dar-lhe empowerment e as condições necessárias. Do lado dos meios materiais, os financeiros são obviamente essenciais. Muitos negócios não se desenvolvem porque não estão adequadamente financiados. Numa economia com pouco capital local disponível como é a nossa, atrair investimentos para os negócios é uma tarefa fundamental.

PME Mag: A evolução tecnológica fez abrir um mundo novo de possibilidades para as empresas. Como é que se sabe qual o caminho a seguir?

RC: Estamos hoje num mundo global em que a Transformação Digital afecta já todos os negócios. Esta não é uma qualquer revolução industrial. Esta é uma onda de mudança profunda que não se limita a tornar os negócios mais competitivos e mais eficientes em todos os sectores. Esta é uma revolução que vai substituir negócios existentes por outros novos. Que vai derrubar modelos de negócio clássicos e instituir uma nova ordem económica, mudar o balanço de poder entre organizações e entre regiões do mundo até colocar desafios à própria noção de Estado de Direito. Portanto hoje é perfeitamente possível uma pequena PME ganhar uma enorme dimensão em menos de 10 anos, como também é possível que um enorme e maduro negócio seja derrubado em poucos anos.

Assim é necessário saber para cada negócio como é que a tecnologia pode ser usada para o tornar único, para criar boas experiências para os clientes, desafios para os colaboradores e para criar valor para os accionistas. Cada caso é um caso. Pensar o negócio à luz das possibilidades que a tecnologia nos dá é a tarefa principal de cada empresário. Não há receitas universais para o sucesso.

PME Mag: O coaching é uma ferramenta fundamental nos processos de liderança?

RC: A nossa economia é composta por um grande universo de PME e, infelizmente, por um conjunto pequeno de grandes empresas. Ambas são importantes para uma economia saudável. As PME são normalmente uma grande fonte de energia e de inovação. As grandes empresas têm uma massa crítica e um conjunto de ligações que são fundamentais não só para elas próprias como para a rede de PME à sua volta que podem ser suas parceiras.

Hoje o País tem uma nova geração de empreendedores, extremamente enérgica, bem preparada como nunca tivemos, muito internacional no seu pensamento e acção. Contudo, muitos desses empresários e as suas equipas de gestão, quer nas pequenas, quer nas médias, quer nas grandes empresas, precisam de ajuda quer nos aspectos ligados à cultura organizacional, à gestão de pessoas, à gestão dos seus próprios comportamentos, quer aos próprios processos e métodos de gestão em si. O coaching é uma ferramenta a que podem e devem recorrer para obterem apoio em muitas destas áreas.

O Business Excellence Forum & Awards (BEFA) regressam nos dias 4 e 5 de novembro ao Hotel Marriott, em Lisboa. Esta segunda edição do evento, organizado pela ActionCOACH Portugal, contará novamente com a presença do coach internacional Bradley J. Sugars num painel composto por oradores internacionais de renome.