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Paulo Doce de Moura colabora pontualmente com a PME Magazine (Foto: DR)

O efeito ‘Trump’ no mercado internacional

Por: Paulo Doce de Moura, manager de banca e investimentos

 

Se acompanhou e acreditou nas sondagens que foram chegando, a surpresa foi grande! A vitória foi contundente, os republicanos ganharam maioria no Congresso e no Senado.

Trump não se inibiu de questionar a autoridade de instituições que historicamente sempre foram independentes: o sistema de justiça e a Reserva Federal. Também ficou claro um estilo de diplomacia internacional muito diferente do habitual, o risco político aumentou.

A grande questão é saber se Donald Trump vai fazer o que prometeu ou se a postura de confronto foi uma mera estratégia para convencer o eleitorado norte-americano?

Não se conhecendo as respostas a estas questões, algumas políticas parecem, no entanto, certas.

Os EUA deverão tornar-se numa economia mais fechada, o que conduzirá à diminuição do défice comercial estrutural dos EUA, em prejuízo de outros países.

As políticas de regresso da liquidez das empresas aos EUA, através de taxas reduzidas ou perdão fiscal, bem como medidas protecionistas serão uma realidade, que deverá trazer algum suporte ao dólar no curto prazo.

A redução da carga fiscal para empresas e particulares, no curto prazo, aumentará o crescimento do PIB, mas resultará certamente em mais défice fiscal e aumentará a dívida a médio prazo. Estes estímulos deverão conduzir a Reserva Federal a maiores perspetivas de subidas de taxas.

Está em cima da mesa um grande programa de investimento em infraestruturas.

Outra das ameaças mais repetidas é a da deportação de imigrantes ilegais, o que pode conduzir a maior pressão salarial e ter implicações na subida de inflação.

Mas que impactos podem estas políticas ter nos mercados financeiros?

O ouro parece ser o ativo de refúgio com maior previsibilidade de assumir essa função a curto prazo.

O protecionismo deverá atingir sobretudo mercados emergentes pois são aqueles que dependem mais da economia global e, como não funcionam em bloco, têm menos capacidade de negociação.

E em termos setoriais?

As empresas financeiras saem mais beneficiadas da subida das taxas de longo prazo e de um regime de regulação menos complexo.

As empresas no setor farmacêutico, que estiveram sob pressão nas últimas semanas com receio de maior intervenção, deverão agora reagir bem.

As empresas petrolíferas deverão ter também um bom desempenho, pois Trump quererá estimular a produção para ter uma posição forte como negociador com o Médio Oriente e a Rússia.