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Cristina Milagre, do Alto Comissariado para as Migrações, e Luís Lucas, da Grafe, apresentaram Selo da Diversidade (Foto: Divulgação)

Abertas candidaturas ao Selo da Diversidade

Estão abertas as candidaturas ao Selo da Diversidade, uma iniciativa da Carta Portuguesa para a Diversidade que visa promover a inclusão dentro das organizações. A iniciativa durante o primeiro Fórum Nacional para a Diversidade, que decorreu na passada segunda-feira no Grande Auditório do ISCTE-IUL, em Lisboa.

Para se candidatarem ao Selo, as organizações devem ser signatárias da Carta Portuguesa para a Diversidade. As candidaturas estão abertas até 22 de julho, sendo os vencedores conhecidos no próximo dia 10 de novembro.

O primeiro Fórum Nacional para a Diversidade contou com a presença da secretária de Estado para a Cidadania e a Igualdade, Catarina Marcelino, que se mostrou satisfeita com o aumento do número de signatários da Carta Portuguesa para a Diversidade, que passou de 75 há um ano para 133 em 2017, das quais “53% são empresas, o que é extraordinário”. A governante lembrou, ainda, que “há temas mais fáceis de tratar do que outros no que toca à diversidade”.

“Quando falamos de temas como as pessoas com origem racial étnica diferente, orientação sexual, diminui consideravelmente o interesse. Estes são temas também muito importantes e a carta não se tem limitado aos temas mais fáceis.”

Catarina Marcelo sublinhou, também, as “vantagens da diversidade para o negócio”, por criar “mais pontos de vista, maior capacidade de produzir e aumentar o público-alvo” e congratulou-se com o lançamento do Selo para a Diversidade, considerando que “vai ajudar a que as empresas possam ter algo na apresentação do seu site que demonstra claramente que são reconhecidas por esta mais-valia”.

 

EDP dá o exemplo

João Tavares, diretor adjunto de recursos humanos da EDP e responsável pela área de Diversidade e Inclusão, foi um dos oradores do evento e falou sobre a estratégia do grupo na matéria, que deu os primeiros passos em 2013. Um dos desafios com que se depararam foi a igualdade de género, bem como a questão da idade dos trabalhadores. Para o responsável, é hoje preciso “repensar a forma como o trabalho se organiza”.

“O mercado de trabalho e a forma de trabalhar têm de ser repensados de acordo com a diversidade”, sustentou, defendendo que também “há que fazer um trabalho muito específico com as equipas que integram” a diversidade, formando-as nesse sentido.

A inclusão das pessoas com deficiência foi apontada também como uma prioridade, sendo que atualmente, em 12 mil trabalhadores do grupo, apenas 1,6% tem uma deficiência.

 

Da Europa para Lisboa

Isabelle Pujol, antiga gestora para a Diversidade e Inclusão da BP e fundadora e da Pluribus Europe, consultora francesa na área da Diversidade e Inclusão, debruçou-se sobre as formas de exclusão inconscientes, explicando que “90% da exclusão é resultado da ignorância”.

“Não o fazemos de propósito, mas estamos mais confortáveis com pessoas que se parecem como nós. Ninguém está certo ou errado, é uma questão de perspetiva”, advogou.

A especialista sublinhou, ainda, que “a inclusão é uma escolha, é a vontade para perceber o valor e maximizar todas as facetas da diversidade”. “Não acontece naturalmente, tem de ser conscientemente e tem de ser tomada como uma ação.”

Solat Chaudhry, fundador e diretor do Centro Nacional para a Diversidade do Reino Unido, foi direto ao assunto e falou sobre o Brexit: “Foi uma aberração e não sei porque aconteceu, penso que é mais por causa de burocracia do que de não gostarmos dos europeus”.

O especialista partilhou várias histórias de racismo que sofreu durante a sua vida, a primeira com apenas quatro anos, e defendeu a necessidade do envolvimento dos gestores de topo no tema da diversidade.

“O que acontece nos grupos de apoio às minorias é que as pessoas ligam-se e simpatizam uns com os outros, mas também tendem a ser negativas face a outras pessoas que não fazem parte desses grupos. Quem tem de interagir com esses grupos são as pessoas que têm o poder nas organizações e esses são os homens brancos. Os brancos têm a chave para a igualdade e o problema é que estão excluídos deste debate. São essas as pessoas que temos de trazer para a discussão”, frisou.

Chaudhry falou ainda da iniciativa Inverstors in Diversity, prémios que promovem as melhores práticas de diversidade entre as organizações britânicas e que o responsável quer trazer para Portugal, estando já em conversações com a comissão executiva da Carta Portuguesa para a Diversidade para o efeito.

O evento contou, ainda, com a apresentação de um estudo do ISCTE, por parte das investigadoras Joana Alexandre e Sara Ramos, no qual foram monitorizadas duas empresas, a Resiquímica e a Infraestruturas de Portugal, acerca das questões da diversidade.

Sara Ramos adiantou que uma das conclusões a que se chegou com os inquéritos aos trabalhadores foi a “emergência de definições de diversidade inesperadas”, o que revela que “o conceito não é igual para todas as pessoas”.

Ana Sofia Antunes, secretária de Estado para a Inclusão das Pessoas com Deficiência, encerrou a sessão, destacando a heterogeneidade das organizações que já fazem parte do movimento.

“São entidades muito diversificadas e todas elas têm certamente perspetivas diferentes sobre estas temáticas da inclusão e da diversidade, seja de género, da deficiência, entre outros. Todos em conjunto poderão encontrar formas mais adequadas de trabalhar e promoverem praticas mais inclusivas”, disse.

A governante exultou, ainda, o lançamento do Selo da Diversidade, considerando que poderá “ser instrumento de recolha de informação muito interessante” das organizações.

No final, as novas organizações signatárias da Carta procederam à assinatura simbólica da mesma e realizaram-se, ainda, alguns workshops sobre temas ligados à diversidade.