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Martin Ojala, responsável de proteção de daods da Pipedrive (Foto: Divulgação)

“Empresas portuguesas estão a acompanhar tendência da Europa no RGPD” – Martin Ojala

De passagem por Portugal para participar num evento da Second Home Lisboa sobre o novo Regulamento Geral de Proteção de Dados, Martin Ojala, responsável da Pipedrive pela proteção de dados, falou sobre os desafios que as empresas enfrentam com a entrada em vigor da nova lei. O responsável da plataforma de CRM de vendas refere que foram várias as abordagens sobre este tema, considera que as empresas portuguesas estão a acompanhar a tendência europeia.

 

PME Magazine – Que implementações teve a Pipedrive de fazer para trabalhar em conformidade com o novo RGPD?

Martin Ojala – O RGPD é uma legislação abrangente para que seus efeitos sejam sentidos por toda a organização. Primamos pelo fornecimento de um apoio ao cliente de excelência e, para isso, o treino e os processos têm de estar alinhados de forma a atender às expectativas dos nossos clientes, enquanto os ajudamos no cumprimento das suas obrigações como controladores de dados, bem como com os seus direitos enquanto portadores de dados. A nossa equipa de engenheiros teve que implementar verificações constantes para garantir que os nossos recursos e processos de gestão de dados estão de acordo com os princípios de privacidade e que cumprem proativamente os requisitos da lei. Outros departamentos, como marketing, RH e recursos internos, também ajustaram o modo como trabalham e certificaram-se de documentar os nossos processos para atender aos requisitos de responsabilidade do RGPD.

 

PME Mag. – Quais foram os maiores desafios neste contexto?

M. O. – Começámos a preparar-nos no início de 2017 e o primeiro desafio foi alertar, em termos gerais, para a consciencialização acerca do RGPD na empresa para que todos estivessem prontos para contribuir quando os nossos esforços, inevitavelmente, entrassem em contato com o trabalho diário. Tive a sorte de contar com o apoio da gerência, que foi inestimável ao divulgar a mensagem. Lidar com todas as questões e solicitações relacionadas com o RGPD antes do dia 25 de maio foi um desafio simplesmente devido ao elevado volume de comunicação. Felizmente, os nossos representantes para suporte ao cliente estiveram bem a enfrentar a tempestade. Também foi feito um grande esforço para garantir que os prestadores de serviços a quem recorremos também se ocupassem da proteção de dados a um nível que cumprisse todos os requisitos do RGPD. Temos muito cuidado ao escolher parceiros em quem confiamos para processar dados pessoais em nosso nome.

 

PME Mag. – Afetou, de alguma forma, o vosso negócio?

M. O. – Mais do que a maioria imagina. Mais importante ainda, as vendas são uma área que depende muito dos dados pessoais que os nossos clientes enviam para a Pipedrive como gestores de dados. O RGPD coloca grandes responsabilidades nos gestores de dados que os nossos clientes, naturalmente, transformam em expectativas. Isso significa garantir uma segurança da informação exímia, atender às solicitações dos titulares dos dados, criar recursos que ajudem os nossos clientes com suas obrigações enquanto gestores, encontrando formas de minimizar a quantidade de dados pessoais enquanto ainda obtêm insights valiosos para desenvolver o produto e muito mais. Além disso, especificamente, temos duas pessoas dedicadas apenas a promover as nossas iniciativas quanto à proteção de dados – posições que provavelmente nem existiriam se o RGPD não tivesse sido promulgado.

 

PME Mag. – As empresas procuram-vos para a resolução de problemas relacionados com o RGPD?

M. O. – Sim, mas nem sempre. Em abril e maio também tivemos de lidar com muitos casos em que parecia que as empresas se estavam a focar-se exclusivamente em formalidades de modo frenético de modo a estar tudo em conformidade à data de entrada em vigor deste novo regulamento. À medida que o tempo passa, no entanto, as interações tornam-se mais significativas e estamos a observar cada vez mais empresas que realmente se debruçam sobre os seus processos de tratamento dados e chegam até nós com perguntas relevantes que os nossos especialistas de suporte ao cliente abordam diariamente.

 

PME Mag. – Quais as principais dúvidas das empresas neste contexto?

M. O. – As empresas querem ter uma compreensão clara das diferentes responsabilidades que advêm do RGPD e que são partilhadas entre elas e a Pipedrive. Também temos casos em que os clientes desconhecem as raízes e a presença na Europa da Pipedrive e contactam-nos sobre as transferências de dados para fora da UE, que são rigorosamente regulamentadas pelo RGPD. Eles têm o direito de estar atentos às transferências, mas a Pipedrive está bem preparada nessa matéria, certificando-se de que, caso ocorram transferências de dados, estas cumpram os requisitos do RGPD.

 

PME Mag. – Como considera que está o mercado português a reagir a esta questão?

M . O. – Pelo que tenho percebido, há uma forte preocupação em garantir a proteção dos dados pessoais nas relações de trabalho em Portugal. Vemos isso como um grande desenvolvimento, porque acreditamos que pessoas excelentes fazem uma excelente empresa. Garantir um ambiente de trabalho saudável, onde todos sintam que os seus direitos são respeitados, é vital para atrair os melhores colegas num mercado de trabalho competitivo. Do lado dos clientes, as empresas portuguesas parecem estar a acompanhar a tendência do resto da Europa, algumas certificando-se de que preenchem os requisitos necessários para estar em conformidade, enquanto muitas outras demonstram também uma verdadeira dedicação à privacidade dos seus clientes.